Se pensarmos nos piores assassinos do
mundo, pode ser que não nos lembremos do álcool. Ainda assim, ele mata
mais de 2,5 milhões de pessoas por ano, mais que Aids, malária ou
tuberculose.
Para pessoas com renda média, que
constituem metade da população mundial, o álcool é o maior fator de
risco para a saúde: pior que a obesidade, a inatividade e o tabagismo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS)
documentou com detalhes a extensão do abuso de álcool nos últimos anos e
já publicou recomendações consistentes sobre como reduzir mortes
relacionadas à substância, mas isso não é suficiente, segundo Devi
Sridhar, especialista em políticas de saúde na University of Cambridge.
Em um comentário feito na Nature, Devi
argumenta que a OMS deve regular o álcool a nível mundial, impondo
regulamentos como idade mínima para beber, tolerância zero para
embriaguez ao volante e proibição de bebidas especiais ilimitadas.
Respeitar os regulamentos seria obrigatório para os 194 Estados membros
da OMS.
Longe de proibir, a regulamentação da
OMS forçaria as nações a fortalecer leis fracas sobre bebidas e aplicar
melhor as leis já em vigor, aponta Devi.
Quase uma garrafa por dia
O consumo de álcool é medido em termos
de álcool etílico puro para compensar as diferenças de teor na cerveja,
vinho e destilados. Uma garrafa de vinho de um litro com 10% de álcool,
por exemplo, representaria apenas 0,1 litro de álcool puro. Segundo a
OMS, cada americano toma, em média, 9,4 litros de álcool etílico por
ano, que equivalem a 94 garrafas do vinho citado acima.
Embora possa parecer muito, os
americanos nem chegam perto dos 50 maiores consumidores mundiais. A
Europa, especialmente a Europa Oriental, domina a cena. A Moldávia
encabeça a lista, com 18,4 litros de álcool per capita por ano. Isso
equivale a 184 garrafas de vinho de um litro ou quase quatro garrafas
semanais por pessoa. A idade legal para beber na Moldávia é 16 anos e há
poucas restrições sobre quando ou onde o álcool pode ser vendido.
O preço do abuso de álcool é a morte
prematura. Um em cada cinco homens da Federação Russa e de países
europeus vizinhos morre em consequência do álcool, segundo dados da OMS.
O abuso de álcool está associado a doenças cardiovasculares, cirrose do
fígado, cânceres diversos, violência e acidentes de veículos. Adultos
alcoólatras têm ainda dificuldade de trabalhar e sustentar suas
famílias.
Thiago M. Florentino
Fonte: Uol