A organização internacional Repórteres
sem Fronteiras (RSF) espalhou pelas ruas de Paris montagens de
fotos de mandatários violadores da liberdade de imprensa. Nas imagens, eles
aparecem fazendo gestos obscenos. Os cartazes colocados em muros e estações de
metrô mostram o presidente russo, Vladimir Putin; o ditador sírio Bashar Assad;
Xi Jinping, presidente da China; Mahmoud Ahmadinejad, do Irã; e o gorducho
tirano norte-coreano Kim Jong-un.
"Com três mandatos presidenciais e dois de primeiro-ministro, Vladimir Putin está há mais de treze anos à frente do poder na Rússia. E não gosta de opositores."
A ONG os descreve como "poderosos,
perigosos e violentos, predadores que se consideram acima da lei”. A campanha é
realizada no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, criado pela ONU e comemorado
no dia 3 de maio. O slogan da campanha é: “Sem liberdade de informação,
não há contrapoder”.
Os cartazes foram confeccionados a partir de
uma lista de 39 pessoas e organizações “predadoras da liberdade de informação”.
Neste ano, além de Assad, a RSF também menciona um dos principais grupos
opositores ao regime, aFrente Al-Nusra, classificado como grupo terrorista
pelos Estados Unidos. A Irmandade Muçulmana, que levou Mohamed Mursi à presidência
no Egito, também é citada. Da América Latina, foram apontados nomes como o do
presidente cubano Raúl Castro, e das organizações criminais Los Zetas, do
México, e Urabeños, da Colômbia.
O iraniano Mahmoud Ahmadinejad aparece dando uma 'banana' para a imprensa, em montagem feita pela ONG Repórteres sem Fronteiras.
Ranking – A organização também atualizou o ranking dos
países que mais respeitam a liberdade de imprensa, composto por 179 nações. No
topo, estão Finlândia, Holanda e Noruega e, nas últimas posições, Eritréia,
Coreia do Norte, Turcomenistão e Síria. O Brasil ficou na 108ª posição, na
frente dos vizinhos Bolívia (109ª), Venezuela (117ª) e Colômbia (129ª). A
argentina de Cristina Kirchner ficou com o 54º lugar.
“O índice de liberdade de imprensa publicado
pela RSF não considera diretamente o tipo de sistema político do país, mas está
claro que democracia providencia maior proteção para liberdade de produção e
circulação de notícias e informação do que países onde os direitos humanos são
desrespeitados”, destacou o secretário-geral Christophe Deloire.
Agressões – Nesta quinta-feira, o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, manifestou sua preocupação com as agressões contra os
jornalistas no mundo todo. Só nos primeiros quatros meses de 2012, foram
assassinados dezessete repórteres, sete deles na Síria, quatro no Paquistão,
três no Brasil, dois na Somália e um na Turquia. Os dados são do Comitê de
Proteção dos Jornalistas (CPJ) e abrangem só os casos nos quais se confirmou o
motivo do crime. Em 2012, foram assassinados 70 jornalistas no total, de acordo
com a organização. A RSF divulgou números mais altos: 88 repórteres e 47
blogueiros foram mortos. “Condeno todos os ataques e a repressão. Estou
especialmente preocupado porque muitos autores escapam de qualquer tipo de
castigo”, afirmou Ban.
Segundo a Unesco (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), mais de 600 jornalistas foram
assassinados nos últimos dez anos e apenas um crime de cada dez terminou com a
condenação do culpado. No índice de impunidade, elaborado em função do número
de assassinatos não resolvidos por milhão de habitantes e divulgado pela CPJ, o
Iraque está no topo da lista, seguido da Somália e Filipinas. A Colômbia
ocupada o quinto posto e o Brasil, o décimo.
Thiago M. Florentino
Fonte: veja