quinta-feira, 15 de maio de 2014

Paraíba realiza curso de formação para profissionais de saúde no processo transexualizador

A Paraíba sedia, nesta quinta (15) e sexta-feira (16), o “Curso de Formação de profissionais de saúde, gestores e gestoras dos serviços do Processo Transexualizador no SUS”. O evento, realizado no auditório do Hospital Clementino Fraga, na capital, em parceria com o Ministério da Saúde, reúne profissionais da Paraíba, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, que trabalham nas unidades com serviços especializados no Processo Transexualizador do SUS ou que estejam em fase de implantação dos serviços, além de representantes dos Centros de Referência em Direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), dentre outros serviços ligados ao tema.
Durante os dois dias de curso, estão sendo abordados temas como a Portaria nº 2.803, de 19 de novembro de 2013, para implementação ou ampliação do serviço especializado no Processo Transexualizador no estado, critérios e fluxos para a implementação dos ambulatórios (média e alta complexidade); formação dos profissionais de saúde para o acolhimento de travestis e transexuais na rede de atenção, entre outros.
Para o gerente do ambulatório Travestis e Transexuais (TT), do Clementino Fraga, Sérgio Araújo, o serviço oferecido na Paraíba é referência nacional. “Este curso está sendo realizado aqui na Paraíba por sermos o primeiro ambulatório, no Nordeste, voltado para este público e o mais complexo do Brasil. Por isso, temos convidados de outros estados que estão visando implantar ambulatórios nas suas unidades de saúde”, disse.
Sérgio lembrou ainda que o ambulatório, inaugurado em julho do ano passado, é referência nacional por ter agregado em um único serviço diversas especialidades. “Hoje são 110 pessoas cadastradas, entre travestis, homens e mulheres trans. Desde a inauguração, já foram registrados 750 atendimentos. Já realizamos a primeira cirurgia de traqueoplastia (raspagem do pomo de adão) e temos 25 pessoas que aguardam a cirurgia transexualizadora (mudança de sexo). Desse total, temos quatro homens e 21 mulheres trans. Para a Paraíba este serviço é uma vitória, pois em outras gestões esse público era esquecido e hoje tem um serviço de saúde voltado para ele”, explicou.
A chefe do Núcleo de DST/AIDS e Hepatites Virais, da SES, Ivoneide Lucena, ressaltou que, antes da implantação do ambulatório, muitos travestis e transexuais se automedicavam, colocando a saúde em risco. “A Paraíba tinha uma demanda muito grande de travestis e transexuais, que, muitas vezes, faziam aquisição de medicamentos, como hormônios, fazendo tratamento por conta própria, e com o ambulatório isso acabou. Hoje, os pacientes que desejam fazer uso de hormonioterapia veem ao ambulatório e passam por uma equipe com infectologista, endocrinologista, psiquiatra, psicólogo e fonoaudiólogo. Então, é toda uma linha de cuidado que temos na Paraíba e que muitos estados ainda não despertaram para isso”, disse.
Ivoneide lembrou ainda que é preciso aumentar essa linha de cuidado, montando um bloco cirúrgico para a implantação da cirurgia de mudança de sexo. “Estamos focados nessa implantação. Já existe uma demanda e um protocolo que nós estamos seguindo. A pessoa que deseja fazer essa cirurgia, antes, precisa passar por dois anos de terapia. Os pacientes que estão aguardando já iniciaram a terapia e, possivelmente, em um ano e meio quando inaugurarmos o bloco cirúrgico, já teremos usuários prontos para passar pelo procedimento”, explicou.
Para a diretora geral do Clementino Fraga, Adriana Teixeira, o curso é um momento para a troca de experiências entre os estados participantes. “É uma oportunidade inédita para a universalização das informações sobre a saúde dos travestis e transexuais, uma vez que a Paraíba é pioneira na implantação deste serviço”, disse.
Ambulatório:O ambulatório TT foi inaugurado no dia 24 de Julho de 2013 e fica situado no anexo do Complexo Hospitalar de Doenças Infecto-Contagiosas Dr. Clementino Fraga. O primeiro atendimento foi realizado no dia 25 de agosto de 2013. Funciona de segunda a sexta-feira, nos dois turnos. De manhã das 7h às 11he à tarde das 13h às 17h. Todo atendimento deverá ter sua marcação prévia.
O Ambulatório TT é um espaço específico para o atendimento da população de travestis e transexuais dos 223 municípios paraibanos e mais dois Estados da região Nordeste: Pernambuco e Rio Grande do Norte. Após encaminhamento da Secretaria de Estado da Mulher e Diversidade Humana, o prontuário é aberto e cada pessoa recebe o cartão do usuário. Munido desse cartão, a pessoa faz seu agendamento para uma das especialidades existentes no ambulatório TT. Os telefones para contato são(083) 3218-5415 e 3218-5416.
O corpo de profissionais do ambulatório e formado por ginecologistas, endocrinologistas, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e fonoaudiólogos.
A inauguração do ambulatório representa um momento importante na saúde da Paraíba, que é a igualdade de direitos que está sendo oferecida à população LGBT”, afirmou a diretora geral do Clementino Fraga, Adriana Teixeira.

Assessoria

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