terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ao pó vieste, ao pó pertencera! Como dar a volta por cima?

No mundo da dependência, o que o dependente procura é o refúgio para a sua realidade, algo que supra as suas necessidades e os sonhos que o mesmo possa ter, podendo o tornar comandante e ao mesmo tempo comandado, poder de ter tudo que quer em pouco tempo, porém paralelo a isso se desfazer mais rápido ainda de tudo que conseguiu, como uma das várias provas existentes trago o depoimento de João Guilherme Estrella, interpretado por Selton Mello no Filme MEU NOME NÃO É JOHNNY.

"...a cocaína era minha excelência, peguei meu Passat e levei pessoalmente a droga, a Srª Laura e Sr Sérgio não tem nada haver com isso, fiz tudo isso sozinho, ...ai eu abri o jornal e tinha lá minha foto, BANDIDO JOHNNY É PRESO, meu nome não é Johnny, meu nome é João, não sou bandido, não sou nenhum Pablo Escobar, não tenho quadrilha, não tenho fortaleza, não tomo wisque bom, não tenho dinheiro na Suíça, não tenho nada disso, eu usava droga e vendia, ia usando, ia vendendo, SE EU FOSSE TÃO PODEROSO ASSIM, MINHA FAMÍLIA NÃO IA VENDER SEU ÚNICO IMÓVEL QUE TEM PRA PAGAR MINHA DEFESA, não queria que minha mãe tivesse aqui ouvindo isso..., USO DROGA DESDE MOLEQUE, UNS TEMPOS ANTES DE SER PRESO EU TAVA CHEIRANDO MUITO, CHEIRANDO MUITO, CHEIRANDO COM MEUS AMIGOS, CHEIRANDO MAIS DE CEM GRAMAS POR SEMANA, desculpa mãe, só queria falar pra senhora o que eu to sentindo agora, é... TODO MUNDO TEM SONHO NA VIDA, TAMBÉM TENHO MEUS SONHOS, a juíza o interrompe dizendo; mais o senhor pra realizar os seus sonhos, não tinha que necessariamente recorrer a uma atividade criminosa seu João. João responde; MAIS EU NÃO VENDIA DROGA PRA GANHAR DINHEIRO, EU VENDIA PRA GASTAR DINHEIRO, PRA COMPRAR MAIS PÓ, PRA USAR MAIS DROGA. A juíza novamente o interrompe; o Sr ta falando de crimes previstos em lei e ele responde; É QUE EU NUNCA SOUBE O QUE É DENTRO E O QUE É FORA DA LEI, NA MINHA VIDA AS COISAS FORAM ACONTECENDO.

A Juíza do Filme Srª Marilena Soares interpretada por Cássia Kiss, refletindo sobre a sentença pensa;  "- analisando as provas, a pena para esse jovem e seus amigos pode ser muito longa, no entanto, a questão é, o direito é uma ciência exata? Alguma coisa como uma equação derivada do código penal? Evidências + flagrante + atenuante? E então se determina uma sentença? Já na sentença ela diz; ...fica difícil imaginar o punhado de pessoas com graves problemas de dependência conseguirem no crime a estabilidade que jamais conseguiram em suas vidas...

Não é impossível a recuperação, tudo vai da força de vontade e claro a ajuda da família, amigos, enfim de todos que de fato influenciam na vida do dependente é essencial, é fato que temos que cobrar melhores condições de tratamento das instituições públicas responsáveis, para casos como o acima relatado. E também devemos cobrar uma melhor interpretação e averiguação dos fatos com relação aos julgadores, pois como relata no filme o João Estrella pertencia à classe média alta do Rio, então já se descarta ai a tese de que é a sociedade que corrompe o indivíduo, por que na maioria dos casos o envolvido pertence a classes mais baixas da sociedade (favelas, morros, etc.), levantando-se a tese de que nesse caso é o indivíduo que corrompe a sociedade, o João tinha grande influência e amizades com famílias da zona sul do Rio, isso foi o suficiente para torná-lo maior traficante de drogas daquele setor carioca.

Mais voltemos para a questão da recuperação, é difícil a vida de um dependente em fase de recuperação, por que no começo é tudo flores a ajuda ta ali à disposição, mais com o passar do tempo a vida vai voltando ao normal, à uma reestruturação sim, mais as dificuldades vão aparecendo também, ai vem as tentações de querer fugir da realidade para que aquilo passe rápido, certo, o indivíduo voltou a sua vida normal se reestruturou novamente, entretanto, antes de tudo por mais que longínquo for esse tempo, ele é um dependente em fase de recuperação e isso vai acompanhá-lo pro resto de sua vida e ele terá que saber conviver com isso e claro poder "tocar" sua nova vida pra frente.


Por: Thiago M. Florentino

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